sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Scotland Coast to Coast







No passado dia 29 de Agosto, eu e a minha princesa (vulgo Lapierre X-160 LT) apanhamos um avião bem cedinho no Porto, rumo a Glasgow. Após várias horas de viajem de avião e uma terrível viajem de táxi pelo lado contrário da estrada (sim, eles andam mesmo pela esquerda, é de loucos!!!!) cheguei ao hotel.

No dia seguinte, e após o primeiro de vários "full scotish breakfast", já com o grupo todo apresentado, seguimos no mini-bus para Fort William onde começou a travessia. Era a última vez que me deslocava com a ajuda de um motor, nos sete dias seguintes foi sempre em cima da bicicleta.
Os dias começavam todos da mesma maneira: 07.30 fora da cama; 07.45 pequeno-almoço; 08.30 última verificação à montada; 09:00 começar a pedalar. A distância a vencer por dia estava já determinada pois já sabíamos em que vila ou aldeia iríamos ficar na noite seguinte. As nossas malas seguiam de táxi para lá.
No total percorremos cerca de 350km. Sei que não é muito para cinco dias a pedalar (o primeiro e o último apenas andamos a meio da tarde e metade da manhã respectivamente) mas uma travessia não se pode analisar apenas pelos km's. Tendo em conta a diversidade dos trilhos, e às vezes a ausência destes, levava a que numa manhã podíamos percorrer 35km ou apenas 10km.
Além disso é preciso ir bem carregado, não apenas com garrafa de água na bike e duas barras no jersey :) Pelo menos uns 6kg de material ia nas costas, o que incluía: água, barras, sandes, bebida isotónica, chocolates, salgados (batatas ou amendoins), roupa extra (meias, camisola, luvas, impermeável, casaco), câmaras, chaves multi-usos, bomba, dropout, desencravador de correntes e câmara fotográfica.
O guia (sim, tínhamos :)) levava um saco ainda maior às costas, que incluía ainda mais peças para bikes, um bothy bag (tenda sem armação para nos aquecermos), cobertores espaciais (uns sacos espelhados num material tipo prata que reflecte o calor, veste-se aquilo e o calor não sai), kit médico, gps, mapas, bússola, etc.
Sei que parece um exagero mas houve dias em pedalamos em zonas muito remotas e caso acontecesse alguma coisa, pelo menos uma noite podíamos ficar fora. Felizmente não aconteceu nada, mas pedalar a pensar que caso me magoasse a aldeia mais próxima estava três horas para trás ou três horas para a frente é estranho!!
Chegávamos sempre entre as 05.30 e as 06.30 ao ponto de paragem seguinte e após limpeza das bikes e banho quente visitávamos o (único!!!!) restaurante ou pub da dita terrinha.
Um dos pontos (literalmente) altos da travessia foi a escalada ao Mount King, a segunda montanha mais alta da Escócia. De frisar que para chegar ao topo carreguei a bike às costas durante 01.20 min. Foi a única vez que me queixei dela ser tão gorda !!!
Um dos pontos que gostava de salientar prende-se com a velocidade com que se pedala quando se faz uma travessia deste género: é bem mais lento daquilo a que nos habituamos. E não foi por isso que fiquei menos cansado, pois a verdade é que todos os dias há muito a percorrer e o local de chegada está marcado por isso não adianta pedalar como um tolinho. É preciso apreciar a paisagem enquanto se pedala, conversar com o gajo do lado, tirar umas fotos, atravessar linhas de água, fugir dos mosquitos (o bicho mais perigoso em toda a Escócia, nem com repelente desaparecem), apreciar a fauna (veados, coelhos, ovelhas, cabras em abundância) e a flora.
Em resumo, foi o melhor que já fiz em cima da bike. A sensação de começar numa praia na costa Oeste e acabar numa praia na costa Este cria em nós a real impressão de travessia. Em sete dias apenas andei ou pedalei...
Ficam mais algumas imagens dos sítios por onde passei e fica também o desafio: e que tal uma travessia de Fraquinhos? Floresta negra? Alpes Suíços? Caminhos franceses de Santiago? Nós, as bikes, gps, mapas, bússola e muita vontade de pedalar :):)
PS - Esta viajem foi marcada através Mac's Adventure, uma empresa sediada em Glasgow que faz este tipo de travessias, de bike ou a pé, com o site www.macsadventure.com





Os famosos lagos escoceses com origem em glaciares


























Travessia de linhas de água, pelo menos três por dia. Note-se que tenho as sapatilhas à volta do pescoço contudo, tendo em conta a temperatura da água, foi a primeira e última vez que fiz isso!!!
Uma semana com os pés molhados...









Um Trail Center perto de um dos sítio onde passei a noite: Laggan Wolftrax




























Sei que tenho de ir em frente, mas onde está o trilho???













O bothy bag, é suposto estarmos sentados mas assim também dá. Não parece, mas estava muito frio e sempre a chover!! Verão escocês :)














Foi sempre a subir em cima da bike até aqui, um quarto do Mount King estava vencido.








Os outros três quartos foram assim!














Até ao topo: Vento: 100km/h
Temperatura: 4ºC












Almoço abrigado no topo.















Descida até ao vale. Quando cheguei lá baixo os discos da bike fumegavam!!!









Ciclovia do rio Dee.














E a praia final: um Fraquinho chega onde quiser!!!

1 comentário:

Antonio Pereira disse...

"pétaculo"... tambem quero.